quinta-feira, 30 de junho de 2011


INCLUSÃO ESCOLAR: CONCEITO E HISTÓRIA

              Fazendo uma análise da história universal, desde os mais remotos períodos, evidenciam-se teorias e práticas sociais segregadoras, principalmente quanto ao acesso ao conhecimento. Os espaços sociais nos quais se transmitiam e se possibilitavam o saber, poucos podiam participar. Tem origens remotas a pedagogia da exclusão.

              Na década de setenta, a unidade escolar adotava o modelo da Integração, que acolhia exclusivamente os alunos que apresentassem dificuldade de acompanhar a metodologia de ensino. Considerava-se que a deficiência era um problema que estava no indivíduo e, deste modo, era o indivíduo que necessitava ser transformado (adestrado, reabilitado, educado) para tornar-se capaz de agradar os modelos aceitos no meio social (família, escola, trabalho, ambiente). Quem não se mostrasse “adequado” para ser introduzido prontamente na escola, necessitava ser “preparado”, por uma classe especial ou escola especial, até ser considerado aceitável.      

              Na década de oitenta, foi oferecido a esse modelo uma maior importância, no que se refere aos marcos legais da Educação Inclusiva. Já na década de noventa, estabilizou-se o novo julgamento proposto: o julgamento da Inclusão. Nesse novo padrão, a deficiência não se mostrava apenas como uma parábola indivíduo, mas sim, uma consequência da inabilidade da sociedade em acolher às necessidades desse mesmo indivíduo. Por conseguinte, acreditamos hipoteticamente (baseando-se em nossas experiências) que, pelo padrão da inclusão, é a sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes físicos etc.) que precisa se tornar capaz de acolher todas as pessoas, ou seja, é a sociedade que precisa estar preparada para recebê-los.

             Então, percebemos que a deficiência é tão antiga quanto a humanidade. Desde a pré-história até hoje, as pessoas consecutivamente tiveram que definir que caráter tomar em relação aos componentes mais vulneráveis da comunidade que precisavam de subsídio para alcançar alimento, abrigo e segurança, como as crianças, os velhos e as pessoas com deficiência. Quando pensamos nas pessoas com deficiência, prontamente pensamos naquilo que as tornam diferentes das demais, isto é, de modo óbvio, a própria deficiência.
             
            É, portanto, a partir do conceito que a deficiência tem para nós que vamos nos posicionar frente às pessoas com deficiência, fazendo uma reflexão sobre o que consideramos diferentes e porque consideramos diferentes. Às vezes, achamos que tudo deve ser perfeito dentro dos padrões exigidos pela sociedade, e criamos um conceito de normalidade tão preconceituoso na nossa mente, que não aceitamos o que vem ser diferente. Esquecemo-nos de que todos nós somos diferentes, em vários aspectos: físico, social e intelectual, mas mesmo com tantas diferenças, temos direitos iguais.


           O entendimento sobre o papel da escola na inclusão de todos os alunos nos faz acreditar que é fundamental estabelecer, por meio de procedimentos educativos, configurações solidárias de convivência. Todos precisam estudar juntos, mas para tanto é preciso conviver com as diferenças.

            A educação inclusiva, a partir do conceito e valorização da heterogeneidade como fator de evolução do processo educacional, promove uma transformação na escola e na formação docente, possibilitando uma reestruturação da educação para que esta beneficie todos os alunos. Por certo, estamos vivendo um processo de ruptura paradigmática que coloca em xeque a racionalidade técnica, se configurando como uma nova concepção de mundo, de homem e de ciência (SANTOS 2004). Assim a Educação para Todos está em fase de construção, embora estejamos convivendo com o período classes especiais e Escolas Especiais. A Escola Inclusiva configura-se como exemplo da Inclusão; já que é uma escola para todos e chegou para permanecer porque se fundamenta em conceitos teóricos e práticos desenvolvidos pelos melhores educadores do contexto histórico.

            Diante disso, pode-se afirmar que a construção de conhecimento na contemporaneidade pressupõe acolher a investigação a partir da complexidade num novo desafio epistemológico, em que professores se lançam na construção de projetos de vida e de saberes. É necessário conceber a dimensão de aprendizagem do educador, questionando-o sempre sobre o que ele tem a dizer sobre ele mesmo. A importante condição de ele figurar como o gestor de sua própria formação, que lhe é negada historicamente, e achar lugar para o profissional aprendente, que elege conflitos e dúvidas como ponto de partida para o seu próprio processo de formação, constitui-se como desafio diante dessa herança que se faz reconhecer ainda hoje no cotidiano escolar, implícita ou mesmo explicitamente (TARDIF, 2002).
          
            A modificação do contexto educacional inclusivo depende de mudança de postura, o que requer a adesão de novos paradigmas que concebe as pessoas deficientes como sujeitos iguais em direitos. E para legitimar a Constituição e promover uma educação de qualidade em que o docente possa lidar com a diversidade e buscar respostas para o trabalho com deficiência intelectual; cabe-nos refletir sobre a política de inclusão, com o objetivo de identificar e compreender o funcionamento legal da educação inclusiva, através de um olhar diferenciado sobre as singularidades humanas, baseadas em leis nacionais e internacionais que legitimam o processo de inclusão.

Fonte: Monografia de Elizete Viturino dos Santos,realizada na FACE em 2010.