segunda-feira, 11 de julho de 2011

TESTE SEU PODER DE INCLUSÃO

 

Para esse breve exame, as regras são:

1. Coloque-se na condição dos professores (as) que aqui apresentaremos;

2. Escolha a alternativa que você adotaria em cada caso, mas sem pensar muito, respondendo com o que vem mais rápido à cabeça.

3. Descubra e aprenda mais sobre si mesmo (a).


Responda às questões e confira:

1) A professora Sueli procura incluir um aluno com deficiência mental em sua turma de 1ª série. Tudo caminha bem, em relação à socialização desses educando, mas diante dos demais colegas, o atraso intelectual desse aluno é bastante significativo. Neste caso, como você resolveria a situação?

(A) - Encaminharia o aluno para o atendimento educacional especializado oferecido pela escola?
(B) - Solicitaria a presença de um professor auxiliar para acompanhar o aluno em sala de aula?
(C) - Esperaria um tempo para verificar se o aluno tem condições de se adaptar ao ritmo da classe ou precisaria de uma escola ou classe especial?

2) Júlia é uma professora de escola pública. Já faz quatro anos que leciona na 2ª série. Há um fato que a preocupa muito atualmente: o que fazer com alguns de seus alunos, que estão fazendo pela terceira vez aquela série? Para acabar com suas preocupações, qual seria a melhor opção?

(A) - Encaminhá-los a uma sala de alunos repetentes, para serem melhores atendidos e menos discriminados?
(B) - Propor à direção da escola que esses alunos sejam distribuídos entre as outras turmas de 2ª série, formada por alunos mais atrasados?
(C) - Reunir-se com os professores e a diretora da escola e sugerir que esses alunos se transfiram para turmas da mesma faixa etária, até mesmo para as classes de Educação de Jovens e Adultos (EJA), caso algum já esteja fora da idade própria do Ensino Fundamental?

3) Cecília é uma adolescente com deficiência mental associada a comprometimentos físicos, que está freqüentando uma turma de 3ª série do Ensino Fundamental, na qual a maioria de seus colegas é bem mais nova do que ela. A professora percebeu que Cecília está desinteressada pela escola e muito apática. Qual a melhor saída, em sua opinião, para resolver este caso?

(A) - Chamar os pais da aluna e relatar o que está acontecendo, sugerindo-lhes que procurem um psicólogo para resolver o seu problema?
(B) - Avaliar a proposta de trabalho desta série, em busca de novas alternativas pedagógicas?
(C) - Concluir que a aluna precisa de outra turma, pois a sua condição física e problemas psicológicos prejudicam o andamento escolar dos demais colegas?

4) Numa 2ª série de Ensino Fundamental, em que há alunos com deficiência mental e outros alunos com dificuldades de aprendizagem por outros motivos, o professor está ensinando operações aritméticas. Mas estes alunos não conseguem acompanhar o restante da turma na aprendizagem do conteúdo proposto. O que você faria se estivesse no lugar desse professor?

(A) - Reuniria esse grupo de alunos e lhes proporia as atividades facilitadas do currículo adaptado de Matemática?
(B) - Distribuiria os alunos entre os grupos formados pelos demais colegas e trabalharia com todos, de acordo com suas possibilidades de aprendizagem?
(C) - Aproveitaria o momento das atividades referentes a esse conteúdo para que esses alunos colocassem em dia outras matérias do currículo, com o apoio da estagiária ou da professora de apoio?

5) Fábio é um aluno com autismo que freqüenta uma sala de aula da 3ª série. É o seu primeiro ano em uma escola comum e ele incomoda seus colegas, perambulando pela sala e interferindo no trabalho dos grupos. Que decisões você tomaria para resolver a situação, caso fosse a professora desse grupo?

(A) - Solicitaria à direção da escola que retirasse Fábio de sua sala, pois o seu comportamento está atrapalhando o bom andamento da classe e o desempenho dos demais alunos?
(B) - Marcaria uma reunião com o coordenador da escola e solicitaria uma avaliação e o encaminhamento desse aluno para uma classe ou para uma escola especial?
(C) - Reuniria os alunos e proporia um trabalho conjunto em que todos se comprometeriam a manter um clima de relacionamento cooperativo na sala de aula?

6) Guilherme é uma criança que a escola chama de “hiperativa”. Ele gosta muito de folhear livros de histórias. Ocorre que freqüentemente rasga e/ou suja as páginas dos livros, ao manuseá-los sem o devido cuidado. O que você lhe diria, caso fosse sua professora?

(A) - “Hoje você não irá ao recreio, porque rasgou e sujou mais um livro”.
(B) - “Vou ajudá-lo a consertar o livro, para que você e seus colegas possam ler esta linda história”.
(C) - “Agora você vai ficar sentado nesta mesinha, pensando no que acabou de fazer”.

7) Norma é professora de uma 4ª série de Ensino Fundamental e acabou de receber um aluno cego em sua turma. Ela não o conhece bem, ainda. No recreio, propõe à turma um jogo de queimada. É nesse momento que surge o problema: O que fazer com Paulo, o menino cego? Arrisque uma “solução inclusiva” para este caso.

(A) - Oferecer-lhe outra atividade, enquanto os demais jogam queimada, fazendo-o entender o risco a que esta atividade o expõe e a responsabilidade da professora pela segurança e integridade de todos os seus alunos?
(B) - Perguntar ao aluno quais os jogos e esportes dos quais ele tem participado e se ele conhece as regras da queimada.
(C) - Reunir a turma para resolver a situação, ainda que na escola não exista uma bola de meia com guizos.

8) Maria José é professora de escola pública e está às voltas com um aluno de uma turma de 5ª série, de 12 anos, que é muito agressivo, mal-educado e desobediente. Ele não se submete à autoridade dos professores nem das demais pessoas da escola e sempre arruma uma briga com os colegas, dentro da sala de aula, ameaçando-os com um estilete. O que você faria no lugar dessa professora aterrorizada?

(A) - Estabeleceria novas regras de convivência entre todos e, em seguida, analisaria com a turma os motivos que nos levam a agir com violência?
(B) - Enfrentaria as brigas, retirando-o da sala de aula e entregando-o à direção da escola?
(C) - Tentaria controlar essas situações, exigindo que o menino entregasse o estilete, para que os demais alunos se acalmassem?

9) Sérgio é um aluno surdo, com perda total de audição. Ele tem 13 anos de idade e freqüentou até o momento uma escola de surdos. Este aluno está no seu primeiro dia de aula, em uma escola comum. O professor, percebendo que Sérgio não fazia leitura labial, procurou a diretora da escola para questionar a admissão desse aluno em sua turma, desde que ele não sabe se comunicar em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Se você fosse esse professor, antes de tomar essa atitude:

(A) - Chamaria os seus pais e os convenceria de que a escola de surdos era mais apropriada para as necessidades desse aluno?
(B) - Procuraria saber quais as obrigações e os direitos desse aluno, para buscar o recurso adequado à continuidade de seus estudos na escola comum?
(C) - Providenciaria a presença de um intérprete de LIBRAS, solicitando um convênio com uma entidade local especializada em pessoas com surdez?


Conte os pontos e confira o seu poder de inclusão, ou melhor, a sua imunidade ao vírus da exclusão:

1 a) 3 b) 2 c) 1
2 a) 1 b) 2 c) 3
3 a) 2 b) 3 c) 1
4 a) 1 b) 3 c) 2
5 a) 1 b) 2 c) 3
6a) 1 b) 3 c) 2
7a) 1 b) 2 c) 3
8a) 3 b) 1 c) 2
9a) 1 b) 3 c) 2


Fonte: curso de deficiência intelectual 2009, tutora Ana Santiago.

quinta-feira, 30 de junho de 2011


INCLUSÃO ESCOLAR: CONCEITO E HISTÓRIA

              Fazendo uma análise da história universal, desde os mais remotos períodos, evidenciam-se teorias e práticas sociais segregadoras, principalmente quanto ao acesso ao conhecimento. Os espaços sociais nos quais se transmitiam e se possibilitavam o saber, poucos podiam participar. Tem origens remotas a pedagogia da exclusão.

              Na década de setenta, a unidade escolar adotava o modelo da Integração, que acolhia exclusivamente os alunos que apresentassem dificuldade de acompanhar a metodologia de ensino. Considerava-se que a deficiência era um problema que estava no indivíduo e, deste modo, era o indivíduo que necessitava ser transformado (adestrado, reabilitado, educado) para tornar-se capaz de agradar os modelos aceitos no meio social (família, escola, trabalho, ambiente). Quem não se mostrasse “adequado” para ser introduzido prontamente na escola, necessitava ser “preparado”, por uma classe especial ou escola especial, até ser considerado aceitável.      

              Na década de oitenta, foi oferecido a esse modelo uma maior importância, no que se refere aos marcos legais da Educação Inclusiva. Já na década de noventa, estabilizou-se o novo julgamento proposto: o julgamento da Inclusão. Nesse novo padrão, a deficiência não se mostrava apenas como uma parábola indivíduo, mas sim, uma consequência da inabilidade da sociedade em acolher às necessidades desse mesmo indivíduo. Por conseguinte, acreditamos hipoteticamente (baseando-se em nossas experiências) que, pelo padrão da inclusão, é a sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes físicos etc.) que precisa se tornar capaz de acolher todas as pessoas, ou seja, é a sociedade que precisa estar preparada para recebê-los.

             Então, percebemos que a deficiência é tão antiga quanto a humanidade. Desde a pré-história até hoje, as pessoas consecutivamente tiveram que definir que caráter tomar em relação aos componentes mais vulneráveis da comunidade que precisavam de subsídio para alcançar alimento, abrigo e segurança, como as crianças, os velhos e as pessoas com deficiência. Quando pensamos nas pessoas com deficiência, prontamente pensamos naquilo que as tornam diferentes das demais, isto é, de modo óbvio, a própria deficiência.
             
            É, portanto, a partir do conceito que a deficiência tem para nós que vamos nos posicionar frente às pessoas com deficiência, fazendo uma reflexão sobre o que consideramos diferentes e porque consideramos diferentes. Às vezes, achamos que tudo deve ser perfeito dentro dos padrões exigidos pela sociedade, e criamos um conceito de normalidade tão preconceituoso na nossa mente, que não aceitamos o que vem ser diferente. Esquecemo-nos de que todos nós somos diferentes, em vários aspectos: físico, social e intelectual, mas mesmo com tantas diferenças, temos direitos iguais.


           O entendimento sobre o papel da escola na inclusão de todos os alunos nos faz acreditar que é fundamental estabelecer, por meio de procedimentos educativos, configurações solidárias de convivência. Todos precisam estudar juntos, mas para tanto é preciso conviver com as diferenças.

            A educação inclusiva, a partir do conceito e valorização da heterogeneidade como fator de evolução do processo educacional, promove uma transformação na escola e na formação docente, possibilitando uma reestruturação da educação para que esta beneficie todos os alunos. Por certo, estamos vivendo um processo de ruptura paradigmática que coloca em xeque a racionalidade técnica, se configurando como uma nova concepção de mundo, de homem e de ciência (SANTOS 2004). Assim a Educação para Todos está em fase de construção, embora estejamos convivendo com o período classes especiais e Escolas Especiais. A Escola Inclusiva configura-se como exemplo da Inclusão; já que é uma escola para todos e chegou para permanecer porque se fundamenta em conceitos teóricos e práticos desenvolvidos pelos melhores educadores do contexto histórico.

            Diante disso, pode-se afirmar que a construção de conhecimento na contemporaneidade pressupõe acolher a investigação a partir da complexidade num novo desafio epistemológico, em que professores se lançam na construção de projetos de vida e de saberes. É necessário conceber a dimensão de aprendizagem do educador, questionando-o sempre sobre o que ele tem a dizer sobre ele mesmo. A importante condição de ele figurar como o gestor de sua própria formação, que lhe é negada historicamente, e achar lugar para o profissional aprendente, que elege conflitos e dúvidas como ponto de partida para o seu próprio processo de formação, constitui-se como desafio diante dessa herança que se faz reconhecer ainda hoje no cotidiano escolar, implícita ou mesmo explicitamente (TARDIF, 2002).
          
            A modificação do contexto educacional inclusivo depende de mudança de postura, o que requer a adesão de novos paradigmas que concebe as pessoas deficientes como sujeitos iguais em direitos. E para legitimar a Constituição e promover uma educação de qualidade em que o docente possa lidar com a diversidade e buscar respostas para o trabalho com deficiência intelectual; cabe-nos refletir sobre a política de inclusão, com o objetivo de identificar e compreender o funcionamento legal da educação inclusiva, através de um olhar diferenciado sobre as singularidades humanas, baseadas em leis nacionais e internacionais que legitimam o processo de inclusão.

Fonte: Monografia de Elizete Viturino dos Santos,realizada na FACE em 2010.